Não sei quem disse que os grandes dramaturgos acabam sempre por escrever a peça essencial das suas vidas, a que representa mais que nenhuma outra o exame de consciência, a confissão, o Juízo Final. Essa pela que, se não é a última, é como se fosse, constitiu como que um testamento espiritual em forma dramática, uma exposição crítica da vida humana dedicada ao teatro, ou o que é o mesmo, do teatro identificado com a vida. (...) Mas este erguer do véu que oferece num instante, e afinal de uma vez para sempre (ainda quando se repita ou nunca mais), o espectáculo da realidade autêntica, eis o que distingue o conhecimento superior reservado aos escritores e aos santos, da ignorância feliz em que vivem e proliferam e se multiplicam e mutuamente se lambem os falsos escritores em prosa ou verso e os falsos santos que exercem burocraticamente uma cómoda e conformista caridade.
sábado, 9 de abril de 2022
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