4.1. AS RAÍZES E FRAGILIDADES DA HEGEMONIA ECONÓMICA
DOS EUA
DOS EUA
A primeira característica desta economia é que, nos Estados Unidos, não há poupança: de cada cem dólares do rendimento disponível, 99,8 são utilizados em consumo e 20 cêntimos são para poupança. A poupança nacional não financia o investimento. A segunda característica é que, para manter o alto nível de consumo de produtos que suporta a hegemonia social, é preciso importá-los e importá-los baratos – da China. Mas isso provoca um gigantesco défice comercial. Os EUA pagam com dólares os produtos que compram. A terceira característica que aqui nos importa é o défice orçamental que Bush elevou até aos céus, em particular com as concessões fiscais aos mais ricos e com o desastre militar da guerra do Iraque.
Por outras palavras, os Estados Unidos são o país mais endividado do mundo e precisam de grandes entradas de capital – dois mil milhões de dólares por dia – para compensar os seus défices de balança comercial, de balança de capitais e de gastos orçamentais. Ora, a única forma de atrair esses capitais é garantir-lhes um benefício importante. E esse benefício é a especulação bolsista (o modelo Greenspan-Clinton de juros baixos visava proteger esse mercado bolsista). Como o diferencial de juros entre a Europa e os EUA é de 4,25% para 2% [o BCE reduziu entretanto o juro de referência na Europa para 3,75%, ainda muito superior ao dos EUA], os capitais iriam procurar os bancos europeus, a não ser que Wall Street oferecesse um diferencial de rentabilidade superior à diferença de juros para os seus depósitos.
Para que esta economia se sustente, a Bolsa americana tem que ser esfuziante, tem que atrair capitais para a Bolsa para compensar o défice comercial e pagar o défice orçamental. O mercado de acções tem que ter taxas de rentabilidade elevadíssimas, e isso justifica todos esses truques que estamos a descobrir: é a financiarização global, com a titularização de todo o tipo de créditos, que são vendidos em pacotes de empresa em empresa.
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