- Sem dúvida, eu... para todos os efeitos, sou major. Para mim, andar sem nariz, tem de concordar, é uma indecência. Uma vendedeira qualquer pode ir para a ponte Voskressênski vender laranjas descascadas sem nariz; mas eu, tendo por desígnio obter... além disso, sou recebido em muitas casas onde há damas: Tchekhtariova, esposa de conselheiro de Estado, e outras... julgue Vossa Excelência por si... não sei, cavalheiro. (Aqui, o major Kovaliov encolheu os ombros.) Desculpe, mas... se virmos as coisas em conformidade com as regras do dever e da honra... Vossa Excelência mesmo compreenderá...
- Não compreendo absolutamente nada - respondia o nariz. - Faça o favor de esclarecer melhor.
- Saiba Vossa Excelência - disse Kovaliov com dignidade -, que não sei como interpretar as suas palavras... Parece-me que o assunto é absolutamente claro... Ou o senhor deseja... É que o senhor é o meu próprio nariz!
O nariz olhou para o major e carregou um pouco os sobrolhos.
- Está muito enganado, meu senhor. Eu sou apenas de mim próprio. Além disso, não poderia haver entre nós quaisquer relações de tanta intimidade. A julgar pelos botões do seu uniforme, o senhor presta serviço no departamento de um ministério que não o meu.
Dizendo isto, o nariz virou-lhe as costas e continuou a rezar.
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