Adler colocou a mão no braço de Fridolin, reconfortante, depois perguntou-lhe com uma certa reserva: - Então, era ela?...
Fridolin hesitou por um momento, depois assentiu em silêncio, com a leve noção de que tal afirmação seria, provavelmente, falsa. Se a mulher que ali jazia na morgue era aquela que há vinte e quatro horas tomara nua nos seus braços, ao acompanhamento rebelde do piano de Nachtigall, ou se ela era uma completa estranha, de uma coisa Fridolin estava certo: mesmo que ainda estivesse viva a mulher que procurava, desejara, e amara talvez durante uma hora independentemente da vida que levava, o que ficara para trás naquela sala abobadada, na penumbra dos candeeiros bruxuleantes, era uma sombra entre sombras, lúgubre, insignificante e vazia de mistério. Não significava agora mais para ele do que o pálido cadáver da noite anterior, irrevogavelmente destinado à decadência.
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