domingo, 8 de setembro de 2013

Embriaga-te

Deves andar sempre bêbado. É a única solução. 
Para não sentires o tremendo fardo do tempo que te pesa sobre os ombros e te verga ao encontro da terra, deves embriagar-te sem cessar. 
Com vinho, com poesia, ou com a virtude. Escolhe tu, mas embriaga-te. 
E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas de uma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez atenuada, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que passou, a tudo o que murmura, a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala; pergunta-lhes que horas são: "São horas de te embriagares". Para não seres como os escravos martirizados do Tempo, embriaga-te, embriaga-te sem descanso. Com vinho, com Poesia ou com a virtude.

em Spleen de Paris

Sem comentários: