Deves andar sempre bêbado. É a única solução.
Para não sentires o
tremendo fardo do tempo que te pesa sobre os ombros e te verga ao
encontro da terra, deves embriagar-te sem cessar.
Com vinho, com poesia,
ou com a virtude. Escolhe tu, mas embriaga-te.
E se alguma vez, nos
degraus de um palácio, sobre as verdes ervas de uma vala, na solidão
morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez atenuada, pergunta ao
vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que passou, a
tudo o que murmura, a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que
fala; pergunta-lhes que horas são: "São horas de te embriagares". Para
não seres como os escravos martirizados do Tempo, embriaga-te,
embriaga-te sem descanso. Com vinho, com Poesia ou com a virtude.
em Spleen de Paris
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