E constantemente estamos a falar nos referidos defeitos, como se fora uma espécie de rodeio para falar em nós mesmos, em que se juntam o prazer de confessar e o de nos absolvermos. Aliás, parece que a nossa atenção, sempre atraída pelo que nos caracteriza, asinala-o nas outras pessoas mais que qualquer outra coisa. Sempre haverá um míope que diga de outro: «Mal pode abrir os olhos»; a certo doente do peito oferece dúvidas a integridade pulmonar do indivíduo mais forte; um homem pouco asseado não faz senão falar nos banhos que não tomam os outros; o que cheira mal sustenta que ali onde está há um cheiro que empesta; oamrido enganado vê por toda a parte maridos enganados, a mulheres levianas a mulher leviana, e snobs o snob. E passa-se com todos os vícios o mesmo que com todas as profissões, as quais exigem e desenvolvem determinado saber que se ostenta com gosto.
domingo, 21 de outubro de 2007
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