quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Admirável mundo novo

O Hospita para Moribundos de Park Lane era uma torre de sessenta andares de blocos cerâmicos cor de primavera. Quando o Selvagem descia do seu taxicóptero, um comboio de carros fúnebres aéreos, de cores alegres, levantou vôo, zumbinco, do terraço, e deslizou sobre o parque, para oeste, com rumo ao crematório de Slough. À porta do elevador, o chefe dos porteiros deu-çhe as informações necessárias e ele desceu à sala 81 (uma sala para senilidade galopante, explicou o porteiro), no décimo sétimo andar.
Era um vasto aposento, que o sol e a pintura amarela tornavam claro, contendo vinte leitos, todos ocupados. Linda morria acompanhada - acompanhada e com todo o conforto moderno. O ar era constantemente vivificado por alegres melodias sintéticas. Junto de cada leito, diante do ocupante moribundo, havia um receptor de televisão. Deixava-se a televisão, como se fosse uma torneira aberta, de manhã à noite.

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