A cada ferido de emboscada ou de mina a
mesma pergunta aflita me ocorria, a mim, filho da Mocidade Portuguesa,
das Novidades e do Debate, sobrinho de catequistas e íntimo da Sagrada
Família que nos visitava a domicílio numa redoma de vidro, empurrado
para aquele espanto de pólvora numa imensa surpresa: são os
guerrilheiros ou Lisboa que nos assassinam, Lisboa, os americanos, os
russos, os chineses, o caralho da puta que os pariu combinados para nos
foderem os cornos em nome de interesses que me escapam, quem me enfiou
sem aviso neste cu de Judas de pó vermelho e areia, a jogar as damas com
o capitão idoso saído de sargento que cheirava a menopausa de
escrituário resignado e sofria do azedume crónico da colite, quem me
decifra o absurdo disto, as cartas que recebo e me falam de um mundo que
a lonjura tornou estrangeiro e irreal, os calendários que risco de
cruzes a contar os dias que me separam do regresso e apenas achando à
minha frente um túnel infindável de meses onde me precipito mugindo, boi
ferido que não entendo, que não logra entender e acaba por enterrar o
triste focinho molhado nos ossos de frango com esparguete do rancho, do
mesmo modo, percebe, que aqui na sua companhia, me sinto cavalo de
narinas enfiadas na alcofa de vodka, mastigando o feno azedo do limão.
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
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