segunda-feira, 18 de junho de 2007

Pela Água

Um lago negro, um barco negro, duas pessoas em papel recortado.
Para onde vão as árvores negras que bebem aqui?
As suas sombras devem cobrir o Canadá.

Das flores aquáticas sai filtrada uma luz ténue.
As suas folhas não querem que nos apressemos:
São circulares e sem relevo, cheias de conselhos obscuros.

Mundos frios agitam-se nos remos.
O espírito da escuridão está em nós, está nos peixes.
Um ramo submerso ergue uma mão pálida em despedida;

as estrelas abrem-se entre os lírios.
Não ficas cego com a mudez de tais sereias?
Este é o silêncio das almas já perturbadas.

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