Não preciso do dinheiro, ou melhor, não é do dinheiro que preciso, nem do poder, aliás; preciso apenas do que se adquire com o poder e que é impossível adquirir sem o poder: a consciência solitária e calma da minha força! É esta a mais completa definição da liberdade, liberdade com que o nosso mundo anda a quebrar a cabeça! Liberdade! Escrevi, finalmente, esta grande palavra... Sim, a consciência solitária da força é fascinante e maravilhosa. Tenho força e estou calmo. Nas mãos de Júpiter estão os trovões - e então? Está calmo, não o ouvimos trovejar muitas vezes. A um parvo, parecerá que Júpiter dorme. Ora, se pusessem no lugar de Júpiter um literato ou uma campónia palerma, que trovões, credo, que trovões ouviríamos!
Se tivesse poder, raciocinava eu, nem sequer precisaria dele; asseguro-vos que eu próprio, por minha própria vontade, ocuparia o último lugar. Se fosse um Rothschild, usaria um sobretudo velhote e um guarda-chuva. Quereria lá saber que me empurrassem na rua, que fosse obrigado a correr aos saltinhos pela lama para não ser atropelado pelos cocheiros! A consciência de ser eu, eu Rothschild, alegrar-me-ia ainda mais nesses momentos. Saberia que poderia ter um almoço como ninguém e o primeiro cozinheiro do mundo, e bastar-me-ia sabê-lo. Comeria uma fatia de pão com toucinho e ficaria de consciência saciada. Já hoje penso assim.
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