terça-feira, 20 de setembro de 2011

Hipérion ou o Eremita da Grécia

Hipérion na Travessia até Caláuria (Rudolf Lohbauer), 1824.




É cruel, Diotima, exclamei eu, ferir assim o coração, atar-me assim ao meu próprio temor da morte, à minha mais nobre alegria de viver, mas não! não! não! a escravidão mata, mas a guerra justa vivifica todas as almas. Atirar ao fogo o ouro dá-lhe a cor do sol! Isso, isso é a primeira coisa a dar ao homem toda a sua juventude: quebrar cadeias! A única coisa que o salva é pôr-se a caminho e esmagar a víbora, o século rastejante que envenena toda a bela natureza no seu gérmen! Hei-de envelhecer, Diotima, se libertar a Grécia? hei-de envelhecer, empobrecer, tornar-me um homem vil? Oh, assim o jovem ateniense devia ser bastante insípido e oco e abandonado pelos deuses quando veio como mensageiro da vitória de Maratona pelos cumes do Pentélico olhando para baixo onde ficavam os vales de Ática!

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