A humanidade caminha em frente, aperfeiçoando as suas forças. Tudo o que agora é inacessível para ela, um dia há-de tornar-se próximo, compreensível, só que é necessário trabalhar, ajudar com todas as forças aqueles que procuram a verdade. Entre nós, na Rússia, por enquanto ainda há poucas pessoas de trabalho. A esmagadora maioria dos intelectuais que conheço não fazem nada e, por enquanto, ainda não têm capacidade para trabalhar. Consideram-se a si próprios intelectuais, mas tratam a criadagem por «tu», tratam os mujiques como snimais, estudam pessimamente, das ciências só sabem falar, das artes pouco entendem. São todos muito sisudos, com aquelas caras muito sérias, todos falam unicamente de coisas importantes, filosofam a torto e a direito, e entretanto, à vista de todos, os operários alimentam-se horrivelmente, dormem aos trinta e aos quarenta no mesmo quarto, sem ao menos terem uma almofada para a cabeça, com percevejos por todo o lado, o fedor, a humidade, a imundície moral... Pelos vistos, as nossas belas conversas só existem para nos enganarmos a nós próprios e aos outros! Mostrem-me onde estão as creches de que tanto se fala, onde estão as salas de leitura! Só existem nos romances, na realidade não existem. Existe é a imundície, a vulgaridade, os hábitos asiáticos... E não gosto, e tenho medo, das fisionomias muito sérias, tenho medo das conversas sérias. O melhor é ficarmos calados!
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
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