MÉCADES
Ocorre-me um discurso arrogante
Que ele fez quando ultimamente
Esteve na Ágora. Desconheço
O que o povo lhe tinha dito antes; acabava
De chegar, encontrava-me ao longe; ele respondia:
«Vós honrais-me e nisso procedeis bem;
Pois a Natureza é muda,
Como estranhos vivem, perto uns dos outros,
O Sol e a Luz e a Terra e os seus filhos.
Todos esses seres solitários, como se não se pertencessem.
É certo que se movem, sempre vigorosas,
No espírito dos deuses, as livres
Imortais forças do mundo,
Em volta da vida
Fugaz dos outros,
Porém como plantas selvagens
Em terreno selvagem,
Estão semeados no regaço dos deuses
Todos os mortais
Parcamente nutridos, e o solo
Pareceria morto se não houvesse alguém
Que dele cuidasse, despertando a vida, e meu
É o campo. Em mim trocam
A força e a alma Num só
Os mortais e os deuses.
E as forças eternas abraçam com mais calor
O coração que anela, e mais vigorosamente crescem,
Do espírito dos que são livres, os homens sensíveis,
E tudo está desperto! Pois eu
Junto os estranhos,
A minha palavra nomeia o desconhecido,
E faço subir e descer
O amor dos que vivem; o que a Um falta
Trago-o de outro, e uno
Dando ânimo, e transformo,
Rejuvenescendo, o mundo hesitante;
E a ninguém me pareço e a todos me pareço.»
Assim falou esse arrogante.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário