O falcão matizado desce velozmente e acusa-me, queixa-se da minha
tagarelice e ociosidade.
Eu também não fui domesticado, eu também não sou traduzível,
Lanço o meu grito bárbaro sobre os telhados do mundo.
O último fulgor do dia permanece para mim,
Arremessa a minha imagem depois de todas, real como elas, sobre os
desertos, sobre as sombras,
Insinua-me no vapor e nas trevas.
Parto como o ar, sacudo os meus cabelos brancos sob o sol que foge,
Espalho a minha carne em remoinhos, espalho-a em desenhadas rendas.
Entrego-me ao húmus para crescer da erva que amo,
Se me queres ter de novo, procura-me debaixo da sola das tuas botas.
Dificilmente saberás quem sou ou o que significo,
Todavia dar-te-ei saúde,
E filtrando o teu sangue dar-te-ei vigor.
Se à primeira não me encontrares, não desanimes,
Se não estiver num lugar, procura-me noutro,
Algures estarei à tua espera.
domingo, 2 de novembro de 2008
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