quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O Banquete (O Simpósio ou Do Amor)

Se a vida alguma vez mereceu ser vivida, caro Sócrates (disse a mulher de Mantineia), é no momento em que o homem contempla a beleza essencial. Se alguma vez a contemplares, mesmo só de relance, que te parecerão, ao pé dela, o oiro, os vestidos, as crianças bonitas, os jovens que hoje te perturbam o olhar, a ti e a muitos outros, a ponto de, para verdes os bem amados e viver sempre com eles se tal fosse possível, consentiríeis em privar-vos da comida e da bebida, sem outro desejo que não fosse o de os ver e ficar na sua companhia? Pensa então - disse - que felicidade não será para um homem poder ver o próprio belo, simples, puro, sem mistura, e contemplar, em vez de uma beleza carregada de carnes, de cores e de muitas outras superfluidades perecíveis, a própria beleza divina sob a sua única aparência? Pensas que é banal a vida de um homem que, elevando os olhos para o alto, pode contemplar a beleza e viver dessa contemplação?

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