O poeta sonhou uma peça. Põe sobre o papel o que é redutível a palavras. Mas estas não podem exprimir senão uma parte do seu sonho. O resto não está no manuscrito. É ao encenador que caberá restituir à obra do poeta o que se tinha perdido no caminho ao manuscrito.
Para o tentar, ele regulará a interpretação, não apenas nas réplicas, mas nos seus prolongamentos, harmonizará o conjunto da interpretação, ritmará o movimento de cada quadro. Pelas roupagens, pelo cenário, pela luz e se for caso disso pela música e pela dança, criará em torno da acção o meio material e espiritual que lhe convém, o ambiente indescritível que agirá sobre os espectadores para os colocar em estado de receptividade, para os aproximar dos actores, para os pôr de acordo com o poeta. Trata-se, para ele, de realizar sobre a cena o sonho de um universo expressivo e coerente e de provocar na sala um alucinação colectiva.
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