(...) O que é q nos afecta no espectáculo de um homem animado por uma grande paixão? São os seus discursos? Às vezes. Mas o que comove sempre, são os gritos, as palavras inarticuladas, as vozes entrecortadas, alguns monossilabos que se escapam por intervalos, um não sei qu murmúrio na garganta entredentes. A violência do sentimento entrecortando a respiração e levando a comoção ao espírito, separa as sílabas das palavras, o homem passa de uma ideia a outra; começa uma multitude de discursos, e não acaba nenhum; e, com excepção de alguns sentimentos que transmite no primeiro acesso, aos quais regressa sem cessar, o resto não é mais do que uma sequência de ruídos fracos e confusos, de sons expirantes, de acentos abafados que o actor conhece melhor que o poeta. A voz, o tom, o gesto, a acção, eis o que pertence ao actor; e é o que nos toca, sobretudo no espectáculo das grandes paixões. É o actor quem dá ao discurso toda a energia que este tem. É ele quem leva aos ouvidos a força e a verdade da entoação.
quarta-feira, 12 de março de 2008
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