No princípio, na Grécia - e depois em Roma, essa América da Grécia - reinou o Objecto, a Coisa, o Definido. Existia, de um lado, a Coisa; do outro existia, em bloco, a Sensação, a sensação imediata e vivida. E assim, quando a arte era do Objecto, o objecto surgia perfeito e nítido na realização. E, como espírito concebe sempre o sujeito à semelhança do objecto, as sensações (quando a sensação se tornava sensação da sensação, introspectiva, auto-analítica) eram concebidas como concretas, definidas separadas umas das outras. Por isso não havia vago, indeciso, penumbra na poesia de alma dos gregos e dos romanos. Tudo está detalhado e detalhado em plena luz.
A sensação da realidade era directa nos gregos e nos romanos, em toda a «antiguidade» clássica. Era imediata. Entre a sensação e o objecto - fosse esse objecto uma cousa do exterior ou um sentimento - não se interpunha uma reflexão, um elemento qualquer estranho ao próprio acto de sentir. A atenção era por isso perfeita, cingia cada objecto por sua vez, delineava-lhe os contornos, recortava-o para a memória. Quando era dirigida para o interior, [...] incidia atentamente sobre cada detalhe da vida espiritual, concretizando-o pela própria acuidade equilibrada da atenção.
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