Não somos, surpreendentemente, o último estágio evolutivo. Na verdade, a nossa maior diferença para com todas as outras formas de vida é esta desmotivante consciência das nossas próprias limitaçõs, e não da nossa superioridade. Porque a severa e imperial vantagem que detemos é inatamente sentida e, por conseguinte, óbvia. Subtil é a irónica capacidade de antevermos estados futuros de ser, através da observação da evolução prévia. Então nós, que inaugurámos a instituição que é pensar, somos forçados a reconhecer que esta poderá estar ainda presa num estado muito primário, distante de uma concretização total e asfixiante sobre o corpo. É-nos então possível antever um semelhante domínio, mas é-nos negado o direito a tê-lo para além de qualquer anseio. Em suma, a própria razão que nos sustenta e dá alento é também a grande fonte de insatisfação humana. Portanto, postulo: nenhuma forma de vida saudavelmente constituída pode querer ser futuramente o que não é. Se deseja, é porque recusa a sua própria enfermidade.
Estar são é não suspirar.
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