- Aconteceu que uma vez eu fiz a mim próprio uma pergunta: se, por exemplo, o Napoleão estivesse no meu lugar e não tivesse, para iniciar a sua carreira, nem Toulon, nem Egipto, nem a passagem através do Monte Branco; se apenas tivesse, em vez dessas coisas belas e monumentais, uma velha ridícula, viúva de pequeno funcionário, que ainda por cima fosse preciso matar para lhe pilhar da arca o dinheiro (para a carreira, percebes?); então, ousaria ele, ou não, semelhante coisa, se não tivesse outra saída? Teria ele, ou não, escrúpulos por a empresa não ser monumental e... ser pecaminosa? Agora, ouve: esta «questão» atormentou-me durante bastante tempo, e até senti muita vergonha quando cheguei à conclusão (por fim e repentinamente) de que não só o Napoleão não teria escrúpulos, mas que também não lhe passaria sequer pela cabeça que a empresa não era monumental... e nem compreenderia, até, por que razão devia ter escrúpulos. E, se não tivesse outra saída, estrangularia a velha num instante, não a deixaria soltar um pio, sem quaisquer reflexões!... Então, também eu... deixei de reflectir... e estrangulei... seguindo o exemplo de uma autoridade no assunto... Aconteceu exactamete como to estou a contar! Achas graça? Sim, e a maior graça disto tudo, Sónia, é que talvez tenha sido precisamente assim...
terça-feira, 10 de abril de 2007
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